quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O Príncipe Medroso


Era uma vez, numa Terra encantada e repleta de magia, um príncipe muito medroso. Ele era o único "solteirão" da região, e por isso era muito cobiçado. Todos os dias, pela parte da tarde, uma moça diferente batia na porta do castelo, com a esperança de ser vista pelo príncipe.


‘A esperança é a última que morre’. Diziam as meninas sonhando em se tornarem princesas. 


O príncipe tinha medo de andar a cavalo, pois dizia que a altura do animal era enorme e que a boca era gigantesca e tinha medo dele engolir a sua cabeça. Não gostava das lutas de gladiadores, porque com toda razão, achava tudo muito violento. E não gostava de participar das festas do Reino, pois era abordado constantemente por todas as meninas que sonhavam com um casamento. 


Ele gostava mesmo era de cozinhar. Gostava porque podia fazer tudo sozinho. Morria de medo de se queimar, mas para isso, se protegia com super luvas e máscaras. 

Um belo dia, o Rei e a Rainha pediram para ter uma conversa séria com o príncipe. Estavam preocupados, pois queriam que o filho se casasse logo e abençoasse a família com um bebezinho.


- Filho, você precisa de uma esposa! Disse o pai contente.

- Alguém que te faça feliz. Afirmou a mãe.


Ao ouvir aquilo, o corpo todo do príncipe foi tomado por uma sensação imediata de calafrios misturados com preguiça.


-Esposa? Mas elas são tão desesperadas que assustam. Disse o príncipe desanimado.

- Pois bem! Disse o Rei. Não precisa se preocupar. Nós já escolhemos a candidata perfeita!

- Perfeita! Repetiu a Rainha animada enquanto batia palmas das mãos.


O príncipe olhou assustado para os pais.

- Ela é a princesa do Reino vizinho. O Rei é muito amigo do seu pai e quando vocês casarem, seremos todos uma grande família. Disse a mãe esperançosa.

- Hoje à noite, nós iremos jantar no palácio deles, e quero que você seja receptivo com a moça. Disse o pai, já um pouco apreensivo.


O príncipe não pode contestar. Passou a tarde inteira fatiando pepinos para se acalmar, mas nada adiantou.


De noite, chegaram ao palácio da princesa para jantar. O lugar era imenso, e o príncipe já estava muito nervoso.


- Relaxa rapaz. Do jeito que está suando vai espantar a menina. Avisou o pai.


A princesa era linda e provavelmente só um pouco mais nova do que o príncipe. Estava com tanta vontade de estar ali quanto o seu futuro esposo, e só conseguia revirar os olhos de tédio durante o jantar inteiro.


Lá pelo meio do jantar, todos começaram a escutar fortes trovoadas.


-TRUMMMMMM…. As trovoadas estavam cada vez mais fortes enquanto faziam a sala de jantar clarear com a sua força.


- Vem chuva por aí. Disse o Pai do príncipe observando as janelas.


Quando olhou para o lado, não viu o filho e percebeu que a princesa estava olhando para baixo da mesa com cara de assustada. Era o príncipe, todo encolhido com cara de quem viu um fantasma.


- Saia já daí menino. Gritou o pai envergonhado.


Pela primeira vez durante todo o jantar, a princesa começou a gargalhar. Todos foram contagiados pelo riso da princesa e o príncipe sentiu-se um pouco aliviado. 

Os dois passaram o resto da noite conversando. Ele dizendo que era apavorado com quase tudo, inclusive levava sustos constantes com a própria sombra, e ela dizendo que era campeã em todos os esportes da região, inclusive em esgrima e corrida de cavalo. 

O príncipe ofereceu-se para preparar uma sobremesa e poucos minutos depois, todos saborearam sua torta de chocolate com morangos. 

Nem preciso dizer que foi amor à primeira vista. Os pais do príncipe ficaram aliviados e entusiasmados.

Pouco tempo depois, o príncipe e a princesa se casaram numa cerimônia nada intimista, com direito a fogos de artifício, música e muita comida. O príncipe percebeu que a sua nova esposa lhe dava coragem e vontade de viver, e a princesa estava mais feliz, pois o seu marido a fazia rir como uma criança com os seus medos exagerados.


E é claro, os dois viveram felizes para sempre...


FIM






quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Morgana e seus quatro maridos


Em uma cidadezinha no norte do sudeste do sul da Finlândia, existia uma mulher muito ranzinza chamada Morgana. Ela morava numa cabaninha aconchegante no leste do nordeste do sul do centro da cidade. Morgana era reservada e tinha poucos amigos. 


Muitos diziam que, certo dia, ela andava feliz e contente pela floresta perto da cabana e, sem mais nem menos, havia sido muito mal criada com uma senhora que pedia ajuda. Não se sabe muito bem o que de fato aconteceu, mas depois daquele dia, Morgana ficou amarga e se isolou em sua cabana. Algumas lendas da região até diziam que, na verdade, ela era uma bruxa que gostava de enfeitiçar os carteiros da cidade, e por isso, Morgana não recebia cartas há meses, já que ninguém tinha coragem o suficiente para chegar perto da sua porta.

Cansada de passar tanto tempo sozinha, um belo dia, Morgana teve uma brilhante ideia!


‘Vou enfeitiçar quatro rapazes e transformá-los em meus maridos! Assim não vou precisar mais sair de casa e perceber os olhares desconfiados, porque cada um vai realizar um afazer da casa!'


Naquela tarde mesmo, Morgana voltou para a cabana com quatro camponeses. O primeiro chamava-se Tremêncio. Era gordinho e tinha um dom incrível para cozinhar. As noites na cabana, a partir de agora estavam repletas de banquetes! 

O segundo, chamava-se Voncífero, ele era forte como um touro e alto como um anão nas pontas dos pés. Voncífero cuidava de todos os problemas que precisavam de esforço físico e suor, muito suor. 

O terceiro chamava-se Shapirone. Ele era um ator nato. Sempre que Morgana sentia um pouco sozinha, seu terceiro marido a alegrava e fazia chorar ao encenar alguns de seus números teatrais prediletos. 

Finalmente, o seu quarto e último marido chamava-se Petrônio. Ele era especialista em massagem, e aliviava Morgana de qualquer tensão sempre que precisava. A moça tinha tudo o que sempre quis, mas mesmo assim, sentia um vazio de vez em quando que a deixava muito triste, algo que não sabia explicar.


Um belo dia, Morgana foi visitar o Lago das Nadadeiras, lugar que visitava frequentemente quando menina. Gostava de nadar entre as sereias, apreciar suas belezas e graciosidades. O dia estava lindo e Morgana deitou-se na grama para sentir a brisa fresca que vinha do lago. De repente, o sol que aquecia o seu corpo sumiu e uma enorme sombra se posicionou em sua frente. A moça abriu os olhos e viu um homem em pé a encarando com as mãos na cintura.


- Com licença! Disse levantando-se imediatamente e encarando o homem.

- Prazer, meu nome é Bernardo. Disse o homem curvando-se educadamente.

- Bernardo? Que tipo de nome é esse? Perguntou desconfiada.

- O nome do seu futuro marido. Respondeu piscando.

Morgana imediatamente engasgou e começou a rir descontroladamente.

- Eu já tenho marido! Tenho quatro maridos! Vivo uma vida perfeita. Disse convencida.

- Eu duvido que você seja feliz. Indagou Bernardo.

- Pois eu sou! Agora me dê licença! Disse retirando-se confusa.

Morgana voltou para a casa resmungando, quando foi interrompida por uma senhora no meio da estrada.


- Com licença, senhorita. Poderia me ajudar a amarrar as minhas botas? Disse a senhora com certa dificuldade. Tenho dores na coluna e preciso de uma ajudinha.


Mesmo furiosa com a audácia daquele homem no lago, Morgana sentiu pena da senhorinha. Ela sabia muito bem como era se sentir sozinha e ajudá-la não custaria nada.


- Claro, disse um pouco afobada enquanto ajoelhava para ajudá-la. Prontinho. A senhora gostaria de um copo d’água? Eu moro logo ali. Disse apontando para a sua cabana.

- Obrigada minha filha, mas eu estou com um pouco de pressa. Muito obrigada pela ajuda. Disse a senhora sorrindo.


Morgana chegou em casa chamando por seus quatro maridos:


‘Petrônio, Voncífero, Shapirone e Tremêncio! Comida, lenha, massagem e Teatro, já! Gritou vermelha como uma tomate.


- Ele duvida da minha felicidade... só o que me faltava... continuou resmungando.


De repente, a campainha tocou e Tremêncio foi correndo atender. Quando abriu a porta viu Bernardo com um buquê de flores.


- Com licença, disse Bernardo entrando sem cerimônias.

- Você! O que está fazendo aqui? Que folgado! Gritou Morgana.

- Eu não peguei o seu nome. Disse Bernardo calmamente.

- É Morgana. Respondeu Petrônio. Morgana lançou um olhar maligno para Petrônio que, imediatamente, foi se esconder na cozinha.


- Morgana, aceite as minhas flores e você verá que eu, só eu, devo ser o seu marido. Eu não preciso ser enfeitiçado para me casar com você, eu já me apaixonei e prometo te fazer a mulher mais feliz desse Mundo.


Morgana o observou desconfiada e aceitou as flores. Assim que tocou no buquê, suas mãos e bochechas ficaram quentes e sentiu-se verdadeiramente feliz como há muito tempo não sentia. De repente, os seus quatro maridos começaram a brilhar como se estivessem cobertos por glitter dourado dos pés a cabeça e aos poucos a magia que Morgana havia colocado sob os seus maridos sumiu e os quatro camponeses se viram perdidos e saíram para as suas verdadeiras casas.


- Hoje você ajudou alguém, disse Bernardo. Você voltou a ser como era antes, uma pessoa boa.

- Então, a senhora na estrada...disse pensativa.

- Era um teste, para ver se você estava pronta e se tinha aprendido a lição. Por mais estressados e atarefados que a gente possa estar, sempre tem alguém que precisa da nossa ajuda e atenção. E uma simples atitude pode mudar o dia inteiro daquela pessoa pra melhor.

- Obrigada. Disse com lágrimas nos olhos. Agora eu vou ser feliz de verdade. Disse sorrindo.

- Agora e para todo o sempre. Respondeu Bernardo.


FIM