sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Filomena e o Bacalhau Dourado


Filomena e o Bacalhau Dourado


Era uma vez, há muito, muito tempo atrás, uma menina chamada Filomena. Com apenas sete anos, já era considerada a mais bela do vilarejo. Filomena tinha os cabelos castanhos avermelhados e os olhos verdes Esmeralda. Seu pai, um comerciante bem sucedido, recebia propostas de casamentos para sua filha quase diariamente. A menina crescia mais bela a cada dia, porém, numa tarde fria, Filomena resolveu passear pela cidade em busca de um bacalhau dourado. Havia uma lenda no vilarejo sobre um bacalhau mágico. Se alguém conseguisse capturá-lo, assá-lo e por fim, comê-lo teria riqueza e prosperidade para sempre. 


Na véspera do seu oitavo aniversário, a menina estava disposta a achar o bacalhau e garantir uma vida mais tranquila para o querido pai. Seu pai já era um senhor e o trabalho como comerciante estava cada vez mais difícil. As mercadorias estavam cada vez mais caras e seu pai tinha que trabalhar longas horas antes de poder descansar em casa e aproveitar o seu tempo livre com a família. 


Filomena calçou suas botas e marchou até o outro lado da cidade, onde diziam, havia o Rio das Tentações. Ninguém jamais conseguiu capturar o bacalhau, pois o rio em que morava era cheio de ilusões e armadilhas. Determinada, Filomena foi mesmo assim. 


Algumas horas depois, a menina avistou o rio. – É tão pequeno. Pensou. O rio era liso como um tapete e sua cor era amarela tipo banana, em volta havia árvores altíssimas e seus frutos eram cogumelos gigantes. – Cogumelos? Estranhou Filomena. Ao olhar um dos frutos de perto, percebeu que ele se abriu e de dentro saiu um duende dorminhoco. Enquanto o duende se espreguiçava, Filomena o observava assustada.


-       Eu não sabia que os duendes vinham dos cogumelos. Exclamou. O duende levou um susto, se atrapalhou e caiu no chão.

-       Você não podia estar aqui! Esta terra é mágica e coisas terríveis acontecem com estrangeiros que não foram convidados. Disse o duende assustado.

-       Eu não sabia que tinha que ser convidada. Eu vim pescar o bacalhau dourado. Disse a menina animada.


Filomena virou de frente para o rio e enfiou a cabeça na água. Com os olhos abertos, conseguia ver vários peixes nadando tranquilamente. O duende, apavorado, começou a puxar o pé da menina, mas ele era tão pequeno, que não fazia nem cosquinha. De repente, a menina viu o rabo dourado do bacalhau, e sem pensar duas vezes, mergulhou ao seu encontro. Em baixo d'água, Filomena começou a nadar cada vez mais rápido, até que em um relance, pegou o rabo do peixe e correu para fora do rio.


-       Peguei! Gritou animada.


O duende fugiu rapidamente para dentro do cogumelo e se escondeu. O rio começou a borbulhar e sua cor amarela começou a escurecer e virar um marrom escuro. Começou a ventar e a menina olhou para os lados procurando o duende. De repente, sentiu alguém tocando o seu ombro. Quando virou, quase caiu pra trás de susto. Era uma mulher de olhos vermelhos, pele enrugada, com o nariz de tucano e cabelo de pele de cobra. Filomena arregalou os olhos e deixou cair o peixe, já sem cor, no chão.


-       Eu ouvi dizer que uma ladrazinha entrou na minha casa e pegou o meu bem mais precioso. Disse a mulher assustadora.

-       Eu não sou uma ladra se-se-senhora. Meu nome é Filomena! Disse gaguejando. Eu queria pegar o bacalhau dourado e dar pro meu pai. Eu quero que ele consiga trabalhar e voltar mais cedo pra poder brincar comigo.

-       Eu não sinto pena do seu pai, pequena Filomena. Infelizmente não posso cumprir os seus desejos e preciso puni-la.


A mulher pegou os braços de Filomena, antes que ela pudesse protestar.


-       Eu ordeno que toda a sua beleza evapore e que você nunca encontre o amor verdadeiro. Disse a mulher num tom macabro.


Um raio caiu sobre o rio e Filomena foi coberta por uma fumaça azul escura.


Quando Filomena se olhou no reflexo d'água, tinha a aparência igual a da mulher e a bruxa estava linda como Filomena um dia cresceria a ficar.

-       O que você…? Perguntou a menina confusa.

-       Esse é o seu castigo. Disse a mulher convencida enquanto dava de costas e ia embora.

-       Nem pensar! Gritou a menina enquanto pulava na mulher e puxava seus cabelos.

-       Me solta! Gritou a mulher empurrando Filomena. Você devia pensar duas vezes antes de pegar o que não é seu. De repente, a mulher entrou no rio e desapareceu.


Filomena ficou arrasada, sentou-se de frente para o rio e começou a chorar.


-       Eu te avisei. Disse o duende.

-       Eu só… eu só queria uma mãe de novo. Eu não sabia que… de repente, uma lágrima do seu rosto caiu no bacalhau. O peixe se iluminou novamente e seu rabo começou a bater.

-       Filomena! Você tem mágica também? Perguntou o duende espantado.

-       Eu não sei! Disse a menina feliz em ver o bacalhau vivo. Aproximou-se da água e colocou o peixe na beirada. Ele saiu nadando, e a água voltou a ser cor de banana.

-       Mas, você poderia ter realizado os seus desejos. Disse o duende.

-       Acho que eu já roubei o suficiente por hoje. Disse a menina triste. Foi um prazer, senhor duende.

-       Espera. Disse a mulher saindo do rio. Se você é um ser mágico, esta é sua casa também. E eu acho que você teve uma boa lição por hoje.


A mulher pegou os braços da menina e devolveu a sua beleza.


-       Obrigada. Disse Filomena.

-       Volte sempre. Respondeu a mulher enquanto voltava pro rio.


Filomena voltou correndo pra casa e ao chegar em frente ao seu portão de entrada viu seu pai abraçando a sua mãe animado. 

  • Papai, o que aconteceu? Perguntou Filomena se aproximando dos dois.

  • Minha querida! Exclamou o pai animado. Estamos ricos! Olha a quantidade de ouro, minha filha!! Disse ao entrar em casa e mostrar para Filomena um baú recheado de ouro.

Filomena sorriu e ao olhar pela janela, viu que do outro lado da rua, estava a mulher do rio sorrindo. Filomena sentiu-se feliz pelo pai. Piscou para a mulher e a acenou contente.

FIM


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