quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Anjo Gabriel



Era uma vez, um anjinho muito bonitinho. Seu nome era Gabriel, e hoje era o seu aniversário de 10 anos no céu. Gabriel tinha os olhos verdes e amarelados como um gato e os cabelos pretos enrolados. Como presente de aniversário, seu tio, Pedro, prometera dá-lo a sua primeira responsabilidade como Anjo da Guarda. Há tempos que Gabriel pedia a seu tio um presente como aquele, mas o anjo mais experiente sabia que não era uma tarefa fácil.


  • Parabéns anjo Gabriel! Finalmente chegou o grande dia! Hoje você vai virar oficialmente o anjinho da guarda de duas crianças. Disse seu tio orgulhoso, enquanto anunciava a grande surpresa.


Gabriel arregalou os olhos e começou a dar vários pulinhos de alegria entre as nuvens.


  • Eu não acredito! Eu, Gabriel o anjo da guarda de duas, DUAS crianças!!! Uhuuulll. Comemorava jogando as nuvens para o alto, enquanto estufava o peito orgulhoso de si mesmo. 

  • Sim. Afirmou o tio enquanto ria timidamente da reação do sobrinho. Agora preste bem atenção no que eu vou te dizer. 


Gabriel parou de pular para prestar a atenção na explicação do tio.


  • A garotinha se chama Beatriz e o seu irmão se chama João. Os dois vão para a escola todos os dias a pé, mas recentemente um novo vizinho se mudou para lá com um Pitbull…

  • O que é um Pitbull? Perguntou o anjinho atento.

  • Pitbull é um tipo de cachorro. Respondeu o tio.

  • Ahhh eu amo cachorrinhos!! Disse o anjinho animado.

  • Eu também...a verdade é que a maioria dos cachorrinhos são bonzinhos, mas esse não é. Afirmou o tio preocupado.

  • Não é? Por que? Perguntou o anjinho.

  • Porque infelizmente...quando o dono trata o cachorrinho mal, ele pode ficar muito bravo. E é esse o caso. O dono desse Pitbull é uma pessoa muito ruim, e por isso o cachorrinho ficou bravo.

  • Tadinho -- Lamentou Gabriel.

  • Eu preciso que você acompanhe a Beatriz e o João até a escola, porque pelo que vi, o vizinho deixou o Pitbull solto pela vizinhança e não é seguro para as crianças. Entendeu?

  • Sim senhor! Respondeu o anjinho prontamente.

  • Ótimo. Agora vá se preparar.


Gabriel deu um pulo e disse:


  • Estou pronto, tio!

  • Última coisa- disse o tio antes de abrir o portal entre o céu e a Terra. Não se esqueça que isso é um teste. Depois que tudo der certo, você será oficialmente promovido a Anjo da Guarda.

  • Sim senhor! Respondeu o anjinho.

Num passe de mágica, Pedro tocou o seu grande cajado duas vezes no chão e em sua frente, apareceu o grande portal dourado.


  • U-a-U -- exclamou Gabriel.

  • Boa sorte. Disse o tio.


Gabriel entrou no portal e, em menos de um segundo, estava em frente a uma casa. A parte de fora da casa era de tijolinhos e entre as frestas tinha várias plantas que subiam até as janelas e coloriam a casa inteira de verde. De repente, pode avistar duas crianças saindo da casa com as mochilas da escola.


  • Boa aula, meus amores. E não esqueçam de comer o lanche todinho eihn. Disse a mãe, enquanto se despedia de Beatriz e João.


As duas crianças começaram a andar pela rua calmamente e Anjinho Gabriel foi atrás.


  • Bia, você quer fazer uma aposta? Perguntou João.

  • Ah João, não começa vai… respondeu a menina já sem paciência para os jogos do irmão.

  • É sério, Bia! Olha, disse apontando para uma casa no final da rua. Eu aposto que você não consegue correr mais rápido do que eu até aquela casa.

  • Você acha que eu sou mais devagar do que você? Retrucou a menina.

  • Eu aposto que eu sou mais rápido!

  • Então tá bom! Vamos lá. Disse Beatriz se preparando para iniciar a corrida.

  • Um...dois...Contava João lentamente.

  • Rrrrrrrrrrrr.


As duas crianças escutaram o rosnar de um cachorro e paralisaram imediatamente. Anjinho Gabriel, que estava atendo a aposta, nem tinha percebido o cachorro logo atrás deles, virou para trás para entender o que estava acontecendo e se deparou com um enorme e assustador Pitbull mostrando os dentes. Gabriel deu um pulo para trás.


  • Oi cachorrinho, tudo bem? Disse o anjinho, enquanto suas pernas tremiam de medo. Vá já embora, aqui não tem nada para você. 


Infelizmente o cachorro ignorou o anjinho como se não tivesse ninguém ali e mais uma vez rosnou ferozmente.


  • João -- sussurrou Beatriz. Tenta pegar o meu lanche que está dentro da minha mochila e dá pra ele.


João não conseguia se mexer e, como era de costume, fez xixi nas calças de medo. Imediatamente, o anjinho, ao escutar o pedido da menina, abriu a sua mochila e o seu lanche caiu no chão. O cachorro levou um susto ao escutar a lancheira cair no chão e deu um pulo para trás apreensivo. A menina começou a se abaixar calmamente para abrir a lancheira, mas o cachorro se assustou novamente e partiu para cima das crianças. As duas começaram a correr o mais rápido que podiam, enquanto o cachorro as perseguia ferozmente.

  • Ai meu Deus! E agora? Exclamou o anjinho desesperado.


O Anjinho teve a ideia de molhar um pouco o chão com sabão e o cachorro começou a patinar, o que ele não imaginou era que as crianças também caíram no chão e deslizaram rua abaixo.


  • OPS! Disse o anjinho ao perceber o que tinha feito.


No final da rua, havia uma feira, onde vários comerciantes estavam vendendo frutas frescas, como era de costume nas sextas-feiras. De repente, uma senhorinha observou as duas crianças escorregando rua abaixo e logo atrás o cachorro, se aproximando rapidamente da feira.


  • Cuidado! Alertou a velhinha para os feirantes. 


O Anjinho imediatamente fez com que todas as caixas de papelão da feira ficassem empilhadas para que ninguém pudesse se machucar. Dois segundos depois, Beatriz, João e o cachorro bateram nas caixas de papelão com força total. Todas as pessoas da feira correram para ajudar, mas graças ao anjinho, ninguém se machucou. O cachorro ficou totalmente tonto e saiu cambaleando entre as pessoas.


  • Meu Deus! Exclamou a senhorinha. Vocês estão bem? Perguntou preocupada para as crianças.

  • Sim -- respondeu João. A gente estava fugindo de um cachorro!

  • Nossa! O anjinho da guarda de vocês estava atento hein. Ainda bem que vocês bateram nas caixas de papelão e ninguém se machucou. Disse a senhora aliviada. Alguém pega esse cachorro! Gritou a senhora.


Um outro senhor pegou rapidamente o cachorro que ainda estava se recuperando.


  • Eu sei de quem é esse Pitbull. Disse o senhor. Vou levá-lo para casa e dar uma bela bronca em seu dono! Disse o senhor.


As duas crianças levantaram-se calmamente do chão, enquanto se recuperavam do susto.


  • Aposto que foi o meu anjinho da guarda que salvou a gente. Disse Beatriz para o irmão.

  • Claro que não! Aposto que foi o meu! Retrucou o irmão.

  • O seu? Você tava fazendo xixi na calça, João! Implicou a irmã.


De repente o anjinho foi puxado para cima e quando viu, estava no céu diante de seu tio.


  • Tio Pedro, eu sei que o Senhor deve estar muito desapontado comigo. Disse enquanto olhava para baixo.

  • Desapontado? Por que? Perguntou o tio surpreso.

  • Você não está bravo? Perguntou o anjinho receoso.

  • Por que estaria bravo? Você salvou as duas crianças do cachorro. Fez um ótimo trabalho! Poderia ter sido um pouco mais discreto, mas foi a sua primeira vez. É a prática que leva a perfeição, e é assim que se aprende.

  • Jura? Perguntou o anjinho arregalando os olhos. Você viu tio? Como eu fiz? Eu joguei sabão e o Pitbull fez PUM, escorregou no chão e…


O anjinho continuou a contar a história nos mínimos detalhes para o tio, enquanto rolava e encenava teatralmente entre as nuvens o que tinha acabado de acontecer. Como havia prometido, o tio nomeou o Anjinho a Anjo da Guarda oficial dos irmãos e a noite no céu foi de festa.


FIM


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